terça-feira, 6 de outubro de 2009

Quem vem lá?


“Quem vem lá?” Perguntou a ovelhinha da porta de sua casa. “Porque querem entrar no meu reino, nas minhas possessões terrenas?” Reforçou com desdém. Durante algum tempo fez-se silencio, ninguém respondeu, pois lá fora apenas o sol quente e uma brisa ligeira se aventuravam naquela tarde suave de Domingo.
A ovelhinha não desanimou, manteve a guarda, não era dia de semana, não costumava passar ninguém por ali, mas quem sabe. Poderia surgir quem quisesse entrar, até sem licença, e roubar todo aquele nada que era o seu todo. Nunca tinha partilhado, sequer umas raspas, de algo seu. Nunca tinha deixado ninguém entrar. Se calhar ninguém tinha até querido entrar, já não se lembrava.
Muitos nuncas, para uma simples ovelhinha, que por lá ficou, à espera, resmungando “Quem vem lá?” quando apenas o vento soltava assobios do encontro com as giestas.

6 comentários:

LuNAS. disse...

Que conto, Alexandre. Gostei... gostei...e...
fiquei triste.
Poque é!

Alexandre disse...

Lúcia, talvez triste seja este descrever da solidão, para não a esquecer, e apreciar melhor o seu fim.
Obrigado pela reprodução do texto no teu blogue: http://segundachancedavida.blogspot.com
Beijo

Júlia disse...

Alexandre,

Queres fazer o favor de me explicar, porque é que de repente também me invadiu a tristeza?!

LOL
Beijos
Júlia

Júlia disse...

Voltei de novo a ler este texto, e de novo o achei ... lindissimo!!

Já pensaram quantas "ovelhinhas" assim não existem?!!

Já sentiram o "barulho" do silêncio?

Beijos
Júlia

Lúcia disse...

Júlia - traduziste bem: se há coisa que se ouve neste texto é o barulho do silêncio!

utopia das palavras disse...

Alexandre

Tinha que vir visitá-lo depois de ler "Quem vem lá" no Rosmaninho da Serra. Só posso dar-lhe os parabéns, pela beleza poética, pela ternura das palavras,e pela reflexão que se lhe pode fazer!

Um abraço