quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Último Beijo

Muitos falam do primeiro, poucos falam do último. Talvez porque o ultimo se revela, mais tarde, quando se confirma que o é, o mais melancólico. É indefinido, tantas vezes não lembrado, porque não sabíamos, na altura em que o demos, que era o último? Necessariamente fugaz, de despedida, de esperança que venham outros, nunca sabendo realmente se virão. Depois dele, somos nós que nos vamos ou vão outros por nós?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Quem vem lá?


“Quem vem lá?” Perguntou a ovelhinha da porta de sua casa. “Porque querem entrar no meu reino, nas minhas possessões terrenas?” Reforçou com desdém. Durante algum tempo fez-se silencio, ninguém respondeu, pois lá fora apenas o sol quente e uma brisa ligeira se aventuravam naquela tarde suave de Domingo.
A ovelhinha não desanimou, manteve a guarda, não era dia de semana, não costumava passar ninguém por ali, mas quem sabe. Poderia surgir quem quisesse entrar, até sem licença, e roubar todo aquele nada que era o seu todo. Nunca tinha partilhado, sequer umas raspas, de algo seu. Nunca tinha deixado ninguém entrar. Se calhar ninguém tinha até querido entrar, já não se lembrava.
Muitos nuncas, para uma simples ovelhinha, que por lá ficou, à espera, resmungando “Quem vem lá?” quando apenas o vento soltava assobios do encontro com as giestas.